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May 5, 2025

A Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), em Piracicaba (SP), tem sido um dos pilares na formação de profissionais e no avanço das pesquisas em tecnologia de sementes no Brasil. Integrando o Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia, os cursos de mestrado e doutorado da Esalq consolidaram-se como referência nacional e internacional, contribuindo para o desenvolvimento científico e tecnológico do setor agrícola.
O programa teve início em 1964 com o curso de mestrado, e, em 1986, ampliou sua atuação com a criação do doutorado. Essa trajetória foi marcada por iniciativas pioneiras, como a criação do Laboratório de Sementes em 1968, liderada pelo professor Francisco Ferraz de Toledo, considerado o precursor das pesquisas em tecnologia de sementes no país. Na mesma época, foi ministrada a primeira disciplina de pós-graduação (Produção e Tecnologia de Sementes) voltada ao tema, também sob sua coordenação. Em reconhecimento à sua contribuição, o Pavilhão de Tecnologia de Sementes da Esalq leva seu nome.
“Naquela época praticamente não existia curso de pós-graduação voltado para tecnologia de sementes. O professor Francisco foi o pioneiro quanto à introdução no país dessas pesquisas”, reforça professor Dr. Francisco Guilhien Gomes Junior, do Departamento de Produção Vegetal da Esalq/USP e atual coordenador do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia.
A partir dessa base sólida, o programa cresceu com a chegada de outros docentes de destaque, como os professores Júlio Marcos Filho, Silvio Moure Cicero e Walter Rodrigues da Silva, que contribuíram significativamente para o avanço das pesquisas. Atualmente, os estudos na área são conduzidos pelos professores Ana Dionísia da Luz Coelho Novembre e Francisco Guilhien Gomes Junior.
Ao longo dos anos, cerca de 260 alunos concluíram o mestrado e o doutorado em sementes pela Esalq. "O programa consolidou-se como uma referência no Brasil e na América Latina, formando profissionais que desempenham papéis estratégicos em pesquisa, ensino e na indústria sementeira”, afirma o professor Dr. Francisco Guilhien Gomes Junior.
As linhas de pesquisa desenvolvidas no programa na área de sementes são amplas e acompanham as demandas do setor, abordando desde o vigor, dormência e fisiologia de sementes até temas como o uso de técnicas moleculares, análise de imagens, sanidade e tratamentos químicos e biológicos. Entre os principais avanços estão estudos sobre sementes recalcitrantes, controle de injúrias mecânicas, aprimoramento de metodologias para análise da qualidade e desenvolvimento de programas de controle para a indústria.
“Esse acúmulo de conhecimento e inovação consolidou a Esalq como um centro de excelência, tanto na formação de profissionais quanto na geração de soluções para os desafios da agricultura moderna”, enfatiza Guilhien.
Segundo ele, as disciplinas e pesquisas são estruturadas de forma integrada, combinando teoria e prática para atender às demandas do setor sementeiro. “As disciplinas abrangem desde fundamentos da produção e tecnologia de sementes até técnicas avançadas, como fisiologia de sementes, análise de qualidade e uso de técnicas de imagens para avaliação”, observa o professor.
O programa mantém parcerias estratégicas com empresas e instituições de pesquisa nacionais e internacionais. Essas colaborações se dão por meio de projetos, convênios, estágios e intercâmbios acadêmicos. No Brasil, a Esalq colabora com a Embrapa, universidades e empresas de sementes. No exterior, mantém relações com centros de pesquisa e universidades de referência, viabilizando projetos conjuntos, coorientações de teses e participação em eventos científicos.
A infraestrutura de pesquisa inclui o Laboratório de Análise de Sementes, voltado à avaliação da qualidade e ao aprimoramento da produção e armazenamento, e o Laboratório de Análise de Imagens "Professor Silvio Moure Cicero", pioneiro no Brasil na utilização de técnicas de processamento de imagens para estudar vigor, integridade e outras características das sementes. Além desses, o setor de sementes também possui uma unidade de beneficiamento de sementes e mantém parcerias com outros laboratórios da Esalq, voltados à patologia de sementes e técnicas moleculares, ampliando as possibilidades de investigação científica e permitindo abordagens multidisciplinares para o desenvolvimento de soluções inovadoras na área.
Os alunos têm oportunidades de intercâmbio e estágio em instituições da Europa e dos Estados Unidos. “Esses programas permitem o desenvolvimento de pesquisas em laboratórios de ponta, contato com novas tecnologias e metodologias, além da participação em congressos internacionais”.
Segundo Guilhien, o Programa apresenta alto índice de egressos atuando tanto no setor produtivo quanto na pesquisa. “Muitos ex-alunos têm se tornado pesquisadores e analistas em instituições renomadas de pesquisa como a Embrapa, IAC, IAPAR, Instituto de Botânica-SP e CATI/SP, contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento de novas tecnologias e práticas no setor agrícola. Além disso, ao longo dos anos, diversos egressos passaram a ocupar posições de destaque como professores em universidades públicas e privadas, como Unesp, UFV, UFPel, UFLA, UFPR, UNOESTE e UFSCar”, complementa o professor.
Para finalizar, Guilhien avalia que o setor de tecnologia de sementes da Esalq tem um papel fundamental no desenvolvimento e evolução da produção e qualidade de sementes. “O programa consolidou-se como uma referência no Brasil e na América Latina, formando profissionais que desempenham papéis estratégicos no setor de sementes”.